
A informação de que o Estado pode enviar pacientes de Itabuna e Ilhéus para internamento em UTIs excluivas para coronavírus de Vitória da Conquista, noticiada por um blog da cidade ontem (30) e dada pelo Blog do Anderson como confirmada pelo secretário estadual Fábio Vilas-Boas e provocou reações. Pelas redes sociais, circulam mensagens contra a ideia, uma delas diz: “Não, Rui Costa. Moro em Vitória da Conquista e não apoio que os pacientes infectados de Itabuna e Ilhéus venham para cá! Leva para Salvador”.
O prefeito Herzem Gusmão publicou em suas redes sociais (Twitter, Instagram e Facebook) que soube da notícia por meio da imprensa e que a possibilidade de os hospitais públicos e contratados de Vitória da Conquista receberem pacientes com coronavírus de Itabuna e Ilhéus “demonstra, mais uma vez, a necessidade de o Estado abrir o diálogo e discutir, efetivamente, o plano de ação e fluxos de pacientes com os municípios”. Na postagem o prefeito cometeu um erro ao dizer que o contrato com o Hospital de Clínicas de Conquista não tinha sido publicado, o que já ocorreu no dia 24 deste mês.
O presidente da Câmara de Vereadores, Luciano Gomes (PCdoB) disse que, ao tomar conhecimento da notícia enviou mensagem ao secretário estadual de Saúde pedindo informação. Mas, segundo ele, Fábio Vilas-Boas. “Mas, digo uma coisa, Vitória da Conquista é uma cidade polo que recebe mais de 80 cidades que são pactuadas e dependem desses leitos. Como é que o Governo do Estado vai trazer pacientes de Itabuna e de Ilhéus para cá, se eles têm outras soluções, como montar UTIs lá na região”, questionou o vereador.
Luciano é da opinião de que Vitória da Conquista deve se preparar para atender a região e a própria população de Vitória da Conquista. “O que se sabe é que maio será o mês em que deve ocorrer o pico de casos de coronavírus, um alto índice de pessoas com Covid-19, imagine como ficarão Conquista e região se vierem pacientes de Itabuna e Ilhéus, será um caos. Acho que o Governo do Estado deve repensar isso. Vou aguardar que o secretário Fábio Vilas-Boas me responda, se não, vou me posicionar publicamente, o Governo do Estado tem que abrir o diálogo com as autoridades de Vitória da Conquista”.
O vereador David Salomão (PRTB) também se manifestou contra a possibilidade de pacientes do Sul a Bahia serem enviados pelo Governo do Estado para internação em Vitória da Conquista. “Os investimentos do Governo do Estado sempre se concentraram em Salvador e Feira de Santana, deixando Conquista fora e isso se deve à falta de representatividade, a falta de políticos que realmente comprem a briga de Vitória da Conquista. Falta alguém que diga ao governador que somos o terceiro maior município da Bahia e merecemos respeito. Parece que eles acham que nós pertencemos ao estado de Minas Gerais, por conta da distância da capital, mas somos Bahia e exigimos o que é de nosso direito. Vitória da Conquista não tem leitos suficientes, já atende a uma grande região e não há leitos de UTI suficientes. Então, isso que o governador faz não é mais do que uma guerra político-partidária. Mas, não mediremos esforço para que isso não se concretize”.
O BLOG questionou a assessoria da Sesab sobre o assunto. Perguntamos se os primeiros pacientes do HCC, cujo contrato vale a partir deste dia 1º de maio, serão do sul da Bahia. A assessoria respondeu que não tem como confirmar, pois a decisão caberia à regulação. Quisemos saber se o secretário não tem poder de decisão neste caso. A resposta:
“Veja, pacientes são regulados mediante alguns critérios: disponibilidade de leito para o perfil do paciente, gravidade e especialidade. A Central de Regulação busca o recurso apropriado nais próximo para o paciente. No caso de cirurgia cardíaca pediátrica, por exemplo, apenas os hospitais Santa Izabel, Martagão Gesteira e Ana Nery (todos em Salvador) e o Hospital da Criança (Feira de Santana) realizam o procedimento, o que significa que pacientes de toda a Bahia são regulados para essas localidades. Se Conquista tivesse [cirurgia cardíaca pediátrica], por exemplo, pacientes de Porto Seguro, Ilhéus, dentre outras regiões mais próximas daí, seriam transferidos para essa localidade. Sempre será uma decisão técnica dos médicos da Central Estadual de Regulação”.